Distanciamento social impulsiona as vendas feitas à distância
Em tempos onde o distanciamento social se tornou prioridade, não é de se espantar que as pessoas se voltem aos meios digitais para continuar comprando. Dessa forma, a pandemia do coronavírus, o Covid-19, tem mudado rapidamente o comportamento dos consumidores, que tiveram que abandonar as lojas físicas em busca de alternativas que não dependem do contato físico nem do deslocamento. É neste cenário que o e-commerce ganha força.
Ao final de março de 2020, a OMS registrou mais de 750 mil infectados pelo coronavírus em todo o mundo. No Brasil, o número de casos confirmados chegou a mais de 5.700*, com a previsão de que esses números cresçam nos próximos dias. A medida decretada para controlar a proliferação do vírus é que as atividades de estabelecimentos e serviços não essenciais sejam suspensas por tempo indeterminado. Por sua vez, a recomendação para a população é de praticar o isolamento social: evitar sair de casa a todo custo.
“Ainda é cedo para calcular os danos do coronavírus em cada economia, mas é certo que muitos setores serão fortemente afetados pela paralisação ou redução das atividades”, afirma o economista Mario Cesar Velloso, especialista em comércio internacional pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
As empresas que também contam com o braço online serão aquelas menos prejudicadas com a crise.
Mesmo os estabelecimentos que não trabalhavam com a venda online estão correndo contra o tempo para tentar minimizar o prejuízo e alcançar a população que não poderá mais sair de casa para fazer compras, frequentar academias ou assistir a aulas, por exemplo. O e-commerce e os serviços de delivery, incluindo os aplicativos, continuam disponíveis e a tendência é que sigam dessa forma, com consumidores cada vez mais engajados com as compras à distância.
Impulsionados pela Semana do Consumidor, que lançou diversos descontos durante o mês de março, os dados do e-commerce durante a expansão do coronavírus foram positivos em relação ao ano passado. De 09 a 15 março registrou-se um crescimento de 22% em pedidos com base no mesmo período do ano anterior. Em relação ao faturamento, o crescimento foi de 19%. O levantamento foi feito pela Abcomm e pelo Movimento Compre&Confie.
Em contrapartida, o ticket médio teve uma pequena queda (-2%), uma vez que o consumidor priorizou a compra produtos relacionados à higiene pessoal. Veja o gráfico a seguir.
A pesquisa mostrou que as categorias de bens de consumo chegaram a ter crescimento a mais de 100% no comércio online, como saúde (111%). Beleza e perfumaria e supermercados acumularam altas de 83% e 80%, respectivamente.
Os dados também se mostraram positivos no comércio eletrônico dos Estados Unidos. Em relação às lojas físicas, o e-commerce registrou um aumento médio na taxa de crescimento da receita semanal de 52% em relação ao mesmo período de 2019, segundo os dados da Quantum Metric.
No entanto, embora as compras no e-commerce possam se beneficiar no curto prazo, os problemas da cadeia de suprimentos e a demanda incerta do consumidor podem atenuar as perspectivas do comércio eletrônico. As incertezas relacionadas à crise do coronavírus não garantem que o ânimo nas vendas se estenda. Com a falta de confiança do consumidor, a tendência é que a venda de itens que não sejam de primeira necessidade parem de crescer.
Diante de um período tão conturbado, onde a saúde da população está ameaçada, o foco não está mais no lucro propriamente dito mas na minimização dos prejuízos causados pela pandemia. Sendo assim, é impossível negar o papel do e-commerce neste momento. Em tempos de coronavírus, as vendas feitas à distância permitem que a economia continue girando, ainda que lentamente. Elas dão um fôlego a mais aos comerciantes e trazem tranquilidade aos consumidores, que não deixarão de serem abastecidos, mesmo aqueles que não podem se deslocar.
*Dados de 31/03, Ministério da Saúde.